ATA DA SEXAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA
SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.06.1990.
Aos vinte e dois dias do mês
de junho de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Segunda
Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura.
Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis
Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João
Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Machado, Nelson Castan,
Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Adroaldo Correa e
Heriberto Back. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Ervino Besson que procedesse à leitura
de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da
Sexagésima Primeira Sessão Ordinária, que juntamente com a Ata da Sexagésima
Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro
Martini, 02 Pedidos de Providências e pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de
Providências. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 244, 245 374 e 375/90, do
Sr. Prefeito Municipal; 02/90 da Comissão Especial para examinar o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 03/90; 80/90, do Sr. Renato Morosini Miller;
1099/90, da Secretaria do Trabalho, Ação Social e Comunitária; s/n, do Sr.
Nelson Keffer. Ainda, o Sr. Presidente apregoou o Ofício nº 178/90, do
Departamento de Esgoto Pluviais, dirigido ao Ver. Ervino Besson. A seguir, foi
aprovado Requerimento verbal do Ver. Vieira da Cunha, solicitando a inversão da
ordem dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em Discussão Preliminar,
estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 136, 65, 66,
67/90, os Projetos de Resolução nºs 15 e 22/90 este último discutido pelo Ver.
Adroaldo Correa; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 41, 63,
64/90 e o Projeto de Resolução nº 21/90; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 14/90, discutidos pelo Ver. João Dib, Adroaldo
Correa e Vicente Dutra. A seguir, constatada a existência de “quorum” foi
iniciada a ORDEM DO DIA. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos:
do Ver. Artur Zanella, solicitando Licença para Tratar de Interesses
Particulares por quarenta e cinco dias, a contar de vinte e sete de junho do
corrente ano; de Voto de Congratulações com a Companhia Carris Porto-Alegrense,
pela passagem dos seus cento e dezoito anos de atividades; de Voto de Pesar
pelo falecimento do Prof. Jorge Aveline; do Ver. Ervino Besson, de Voto de
Pesar pelo falecimento de Getúlio Silveira de Jesus; do Ver. Giovani Gregol,
solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa à Prefeitura do
Município de Angra dos Reis (Rio de Janeiro), pela interdição das obras das Usinas
Nucleares de Angra Um e Três; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo
falecimento de Estera Libel; do Ver. João Dib, de Voto de Pesar pelo
Falecimento de Constance Barbieux Corá; solicitando seja o Projeto de Lei do
Legislativo nº 65/90 submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e
Redação e de Educação e Cultura e consideração em regime de urgência; do Ver.
Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com a CAUTOL S.A., pelo transcurso
dos seus vinte e cinco anos de fundação; de Voto de Pesar pelos falecimentos de
Petronilla Valiera Bruno e Dr. Paulo Krieger; do Ver. Valdir Fraga, de Votos de
Congratulações com o Conselho Regional de Química, 5ª Região; Associação
Brasileira de Química, ABQ/RS; Associação Profissional dos Engenheiros Químicos;
Sindicato dos Químicos do Rio Grande do Sul; Sindicato das Industrias Químicas
do Estado do Rio Grande do Sul, pela passagem do Dia Nacional do Químico; do
Ver. Wilton Araújo, solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa
aos funcionários da Caixa Econômica Federal que decidiram paralisar o seu
trabalho em protesto contra a demissão indiscriminada e as ameaças que vêm
sendo feitas contra a categoria. Em Destaque foi aprovado Requerimento do Ver.
Artur Zanella, subscrito pelo Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações
com o Delegado Newton Müller Rodrigues, por ter assumido a Chefia de Polícia.
Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Antonio Hohlfeldt reportou-se ao aparte do Ver.
Isaac Ainhorn, ao discurso do Ver. Vicente Dutra, afirmando ter esse Vereador
criticado “maldosamente” a Administração Popular. Discorreu acerca da sua
viagem à Europa, dizendo que lá, no transporte coletivo, as passagens são pagas
com talões, retirados antecipadamente e que os idosos são mais respeitados, o
que não acontece aqui no Brasil. Falou que a adoção do sistema europeu
facilitaria o transporte coletivo em Porto Alegre. Às dez horas e trinta e sete
minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de Segunda-feira, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clóvis Brum,
Lauro Hagemann e Adroaldo Correa, e secretariados pelo Ver. Wilton Araújo. Do
que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º
Secretário.
O SR.
PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Solicito ao Sr. 2º
Secretário que proceda à nova verificação de “quorum” para entrarmos na Ordem
do Dia.
O SR. 2º SECRETÁRIO:
(Procede à verificação de “quorum”.) Há
“quorum”, Sr. Presidente.
O SR. VIEIRA
DA CUNHA (Requerimento): Sr. Presidente, solicito
a inversão dos trabalhos, passando-se à Pauta.
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à
PAUTA
– DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª
SESSÃO
PROC. Nº
2453/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 136/89, de autoria do Ver. João Bosco, que concede o título honorifico de Cidadão
de Porto Alegre ao Sr. Geraldo Pereira Mattos Filho – Mazarópi.
PROC. Nº
1113/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/90, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Rua Romeu Palioso um logradouro
público.
PROC. Nº
1142/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/90, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina acesso Manoel Marques de
Fraga um logradouro irregular.
PROC. Nº
1143/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/90, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina Lauro Motta Duarte um
logradouro público.
PROC. Nº
1155/90 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 022/90, de
autoria do Ver. Luiz Machado, que Institui o Prêmio Ecologista do Ano.
PROC. Nº
0907/90 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 015/90, de
autoria do Ver. Artur Zanella, que concede o título honorifico de Cidadão Emérito
ao Empresário Antônio Zaffari.
2ª
SESSÃO
PROC. Nº
0803/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 041/90, de autoria do Ver. Vicente Dutra, que denomina Esplanada Atílio Fontana
um logradouro público.
PROC. Nº
1130/90 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 021/90, de
autoria do Ver. João Dib, que concede o título honorifico de Cidadão Emérito ao
Sr. Newton Silveira Netto. URGÊNCIA
PROC. Nº
1109/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/90, de autoria Gert Schinke, que denomina Praça Carlos Fonseca Amador um
logradouro público.
PROC. Nº
1110/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 064/90, de autoria do Ver. Gert Schinke, que concede o título honorifico de
Cidadã de Porto Alegre à Srª Gisela Escosteguy Castro. URGÊNCIA.
3ª
SESSÃO
PROC. Nº
1185/90 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 014/90, de autoria do Ver. Vieira da Cunha, que autoriza o Executivo Municipal a
edificar equipamento público de caráter cultural, denominando-o Memorial Luiz
Carlos Prestes, e cria Fundo Especial de natureza contábil própria.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, para discutir a pauta, o Ver.
João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Luiz Carlos
Prestes, sem dúvida nenhuma, uma figura honrada da política brasileira, um
exemplo a ser seguido por muitos que trocam de partido, que trocam de opiniões,
que trocam de lugares, que não ocupam devidamente as suas posições, não assumem
responsabilidades.
O nobre Ver. Vieira da
Cunha atento, jovem, pretendendo seguir o exemplo de um homem que fez da
política um ideal, a busca da realização do bem comum, pretende fazer um
memorial, homenageando esta figura ilustre da vida pública brasileira da nossa
Cidade, Cidade onde nasceu Luiz Carlos Prestes, na Rua da Ponte. E chega agora,
na Pauta, no dia de hoje, o seu Projeto, que talvez até já tenha urgência
pedida. E nós ficamos com uma preocupação muito grande: a área destinada tem
mais de um hectare, uma área central extremamente valorizada. E temos também
outros gaúchos, tão ilustres ou mais ilustres, que não têm nenhuma herma, nenhum
monumento, e nós estamos enfrentando dificuldade. Prestes recebeu e merece a
minha assinatura do Requerimento do Vereador, mas eu não tinha me dado conta,
ou não estava expresso, que era um hectare na área central da Cidade, para
fazer a homenagem a esta figura, que merece a nossa homenagem, que merece o
nosso respeito. Esta é a dúvida que eu levanto neste momento. Não conheço o
projeto do arquiteto Oscar Niemayer, não sei se a área pode ser reduzida, mas
para uma Prefeitura que é carente de áreas públicas, para resolver problemas
seus, como por exemplo o Mato Sampaio em que, se tivéssemos alguns hectares
como este para pagar aquilo, nós estaríamos talvez fazendo uma homenagem a
grandes cidadãos nossos, que gostariam de ver esta Cidade evoluindo, sem grandes
dívidas, sem grandes débitos. E, no caso do Mato Sampaio, a Prefeitura não sabe
como pagar. Alguns hectares iguais a este, na área central, permitiriam uma
permuta. Tenho a impressão de que Luiz Carlos Prestes gostaria de ser
homenageado, vendo pago lá aquela área que foi desapropriada e que não está
dentro do Orçamento da Prefeitura de forma indireta e que não está dentro das
cogitações da Prefeitura encontrar uma forma de ser sanada esta dificuldade.
O Sr. Vieira
da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Gostaria de dizer a V. Exª que quando tive a intenção de realizar a
homenagem tinha outra proposta. Pretendia que o Memorial Luiz Carlos Prestes
fosse realizado em uma área menor do que esta que consta no Projeto de Lei. Mas
o Poder Executivo, tendo interesse pela homenagem, resolveu oferecer como
alternativa a área que consta no Projeto de Lei, mas acho oportuna a discussão
trazida por V. Exª, e creio que nós poderemos, a partir do pronunciamento de V.
Exª, aprofundar este assunto, trazendo, quem sabe, alternativa de um acordo com
o Executivo. Temos que formar uma Comissão Especial para dar parecer e discutir
este Projeto. Tenho a impressão que no âmbito dela poderemos achar o caminho
para resolver este assunto que diz respeito à dimensão da área em que será
feita a homenagem a Luiz Carlos Prestes.
O SR. JOÃO
DIB: Fico feliz com o aparte de V. Exª, e tinha
dito no início que V. Exª, um jovem político, estava se espelhando num homem
com que tenho certas divergências, mas que ninguém pode dizer que não tenha
sido sério, e que não tenha buscado a realização do bem comum. V. Exª com o seu
aparte, mostra que tem preocupação com a Cidade, com as áreas da Cidade, e
agradeço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO
CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, também da
minha parte gostaria de destacar a iniciativa do Ver. Vieira da Cunha, e de
propor ao insigne líder comunista brasileiro, Luiz Carlos Prestes, uma
homenagem desta Cidade, que foi seu berço, e a comunidade atualmente tem a
noção da vida de luta, de responsabilidade pública, política e de ação coletiva
pela libertação e valorização do trabalho. Acreditamos que é uma homenagem
singela, da qual são co-partícipes o Executivo e a própria nacionalidade, visto
que o projeto é concluído por Oscar Niemayer e apresentado de um outro Estado a
esta comunidade. Mas gostaria também de referenciar um outro Projeto, na Pauta,
que nos parece, ao início pelo menos, polêmico, e capaz de não produzir um
consenso nesta Casa. Trata-se de uma iniciativa do Ver. Luiz Machado, Processo
nº 1155/90 – Projeto de Resolução nº 022/90, que institui o Prêmio Ecologista
do Ano. No nosso entendimento, esta é uma ação social coletiva, do conjunto da
comunidade, dos grupos, das ações organizadas, sem o quê não há eficácia. Uma
pessoa só que diga a própria luta que desenvolveu no início da década de 70 o
Sr. Lutzenberger, o quão difícil é produzir ação em favor do meio ambiente
isoladamente, como uma única pessoa. O ato coletivo, quando se torna eficaz,
não produz, entre os que o encaminham, um destaque para ao indivíduo, e sim
para o conjunto deles. Então, essa polêmica talvez possa gerar um entendimento,
na medida em que caracteriza um movimento, uma entidade, uma ação coletiva na
defesa do meio ambiente para receber o mérito. Talvez esta emenda fosse
ajustada para que não se ponha em marcha de conceito de que, eventualmente, uma
ação individual possa ser responsável por aquilo que todos nós devemos ser os
responsáveis, que é a qualidade de vida e do ambiente preservado para melhorar
esta qualidade. Então, eu vejo aqui uma divergência com esta iniciativa do Ver.
Luiz Machado, talvez numa perspectiva de superar uma ausência eventual de
consenso, que me parece existirá, propondo que, por emenda ou com debate com o
autor, através de Substitutivo, se decida se deve-se atribuir um prêmio a uma
ação destas, nesta Cidade. Se assim a Câmara decidir, há uma ação coletiva a
uma entidade que neste sentido se dirige. Era o alerta que gostaria de fazer
para o debate inicial, visto que o Projeto está na primeira Sessão de Pauta.
Sou grato.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clóvis Brum): Ver. Vieira da Cunha.
Desiste. Ver. Vicente Dutra, V. Exª está com a palavra.
O SR. VICENTE
DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ainda
relativo ao Projeto de Lei Complementar do Ver. Vieira da Cunha, eu quero
deixar registrado, aqui, inicialmente, que vou votar favorável ao memorial
pelas mesmas razões que o meu Líder, Ver. João Dib, já aduziu aqui da tribuna.
Pelo exemplo de fidelidade, de coerência, que a figura de Luiz Carlos prestes
dá a toda a Nação. Homem que viveu pobre, lutou por seus ideais, muito embora -
não digo eu, mas a própria História e os recentes fatos ocorridos no mundo
revelam como um grande equívoco - S. Exª, esta figura histórica que nós todos
respeitamos, de Porto Alegre, que muito me orgulha de ser Porto-alegrense,
passou boa parte de sua vida lutando por um equívoco. Mas, no fundo Luiz Carlos
Preste tinha um ideal e tenho certeza de que, se percebesse claramente o
equívoco pelo qual estava lutando, aquela figura teria mudado os seus rumos em
favor deste País.
Mas não vamos discutir o
comunismo. O comunismo, hoje, como já demonstrei aqui da tribuna, quando fiz um
Relatório sobre a minha viagem à Alemanha, passa a ser um símbolo do passado.
Tanto é verdade que lá o muro de Berlim, que era um símbolo da repressão
comunista, hoje, está sendo vendido pelos turcos aos pedaços. E o que mais me
impressionou: estão sendo vendidas as condecorações que os soldados comunistas
receberam, e recebem, em grande quantidade. Eu mesmo comprei três condecorações
e trouxe aqui. Mas eu não vou discutir esse aspecto. Vamos votar favoravelmente
por apenas fidelidade. Acho que foi muito feliz o Ver. João Dib. O que precisa
este País é exatamente isto. É alguém seguir o rumo e acreditar nele, e lutar
com honestidade, como lutou Luiz Carlos Prestes. Então nós vamos votar
favoravelmente, porque realmente foi um grande brasileiro, foi um
Porto-alegrense e eu, como Porto-alegrense, me orgulho de ter Luiz Carlos
Prestes, embora discorde profundamente de sua luta ideológica, como
conterrâneo.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Congratulo-me com a posição assumida por V. Exª, notadamente quando o
autor do Projeto ao lado da proposta de erguer o memorial, cria igualmente um
fundo especial de natureza própria para carrear recursos para construir esse
memorial. Eu só espero que, posteriormente, a Administração do PT não resolva
desviar os recursos do Fundo para um outro monumento ou para outra finalidade,
como está acontecendo agora com o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano.
Ela quer alterar as suas finalidades. Apenas com este alerta, congratulo-me com
a grandeza de V. Exª. A posição de V. Exª lembra-me sempre os depoimentos de
Juarez Távora, de Cordeiro de Farias, colegas e companheiros da coluna do Sr.
Luiz Carlos Prestes, que, posteriormente, divergiram dos seus caminhos, mas no
entanto respeitaram a figura do Sr. Luiz Carlos Prestes. É dentro dessa linha
que eu vejo e compreendo a posição de V. Exª e congratulo-me com a grandeza de
se orgulhar, inclusive, de ter o Sr. Luiz Carlos Prestes, cavalheiro da
esperança, como conterrâneo seu da cidade de Porto Alegre. Sou grato.
O SR. VICENTE
DUTRA: Agradeço o aparte de V. Exª. Superada esta
questão ideológica, que para mim é secundária, na homenagem a ser prestada a
Luiz Carlos Prestes, fico ainda, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com duas
dúvidas: uma de caráter formal, porque vejo que o Projeto de Lei do Ver. Vieira
da Cunha é um PLC que autoriza o memorial, e mais, institui um fundo. Ora, os
dois têm repercussão financeira, já nasce com o vício de origem. Nós temos que
ver nesta Casa como contornar este impedimento de ordem constitucional e
orgânica, porque no momento em que eu autorizo a construção do memorial eu
estou impondo uma repercussão financeira à propositura; a segunda dúvida, me
surpreende com que facilidade a Administração Popular concede um hectare para
erguer um memorial, quando o memorial poderia ser em 100m2, ou em
menos quem sabe. Não sei se o memorial JK em Brasília tem mais de um hectare –
grande figura de JK – e outros memoriais que tem pelo Brasil a fora! Quero
trazer aqui aos Srs. Vereadores que o Rotary, movimento rotário de Porto
Alegre, na pessoa de ex-governadores e rotarianos ilustres, foi até o Sr.
Prefeito – eu estava junto e deixaram lá escrita uma proposta. A proposta é a
seguinte: o Rotary construiria aqui em Porto Alegre um Centro Cultural, não
para o Rotary, mas para a comunidade; está lá na proposta. Quer dizer, seria a
casa do Rotary, evidentemente teria o nome de Rotary, mas a exemplo do que
existe em São Paulo, em tantos outros lugares, para a comunidade. O Rotary não
se basta a si mesmo. É bom que se esclareça, já que dizem por aí que o Rotary é
serviço americano. O Brasil recebe 10 vezes mais do que aquilo que remete para
o Rotary, em termos percentuais de programas. Por exemplo: enfatizo, repito o
que já foi dito desta tribuna muitas vezes, toda a campanha de vacinação
brasileira contra a poliomielite, contra o sarampo, e contra outra doença que
não me recordo agora, essas três que estão sendo cogitadas, toda ela é paga
pelo Rotary, toda, inclusive a merenda, inclusive o transporte; não sai nada no
jornal. O Governo Federal e o Governo do Estado fazem badalação em torno disso
e omitem este dado importante, toda ela é paga pelo Rotary, é a chamada
campanha pólio-plus; o Rotary se propõe até o ano de 2005 a eliminar da face da
terra a poliomielite, foi um cálculo feito por cientistas e está sendo
financiada em todo o mundo esta vacina. Pagamos tudo e o Rotary, fica nisso,
não fala nada, contra a minha vontade, porque o Rotary tem que conseguir mais
espaços para divulgar isso aí, não para se exibir, mas para dar exemplo para
que outros movimentos façam o mesmo. Eu estou falando aqui da campanha da
pólio, poderia falar na AMPAR Santa Cruz, que é mantida pelo Rotary, poderia
falar na SPAAN, que em grande parte é mantida pelo Rotary, poderia falar em
centenas e centenas de cadeiras de rodas que são dadas pelo Rotary Clube São
João, Santa Casa de Misericórdia, campanha para o Projeto PROJUS, que eu
coordeno, no meu Rotary, tudo mantido em segredo. Agora o Rotary vai lá e oferece
à comunidade a oportunidade de construir um centro cultural para ser utilizado
pela comunidade para realização dos eventos e, simplesmente, a resposta é a
seguinte: “A Administração não abre mão de seus terrenos, não faz doação de
terrenos.”
O Sr. Vieira
da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Em primeiro lugar, Vereador, quero dizer que sob o ponto de vista da
legalidade, da constitucionalidade do Projeto, não restam dúvidas de que não há
nenhum problema neste sentido. A própria Auditoria já manifestou e deu o seu
Parecer favorável à tramitação do Expediente, isso porque eu não determino a
construção do memorial. E quanto à questão do Fundo, já há reiteradas
manifestações da Comissão de Finanças desta Casa, que é, reconhecidamente, uma
autoridade nesse assunto, de que, com a nova Constituição Federal, o Parlamento
tem condições de ter iniciativas que gerem repercussão financeira, já está
superada esta vedação constitucional. Por último, quanto às dimensões da área –
eu já disse em aparte ao Ver. João Dib e repito em aparte ao pronunciamento de
V. Exª: no âmbito da Comissão Especial, que hoje mesmo estará criada, nós
realizamos esta discussão com a maior abertura possível, no sentido de
chegarmos a um consenso a respeito das dimensões necessárias para prestar uma
homenagem merecida e justa ao ex-Senador Luiz Carlos Prestes, por um lado, e,
por outro lado, reconhecendo realmente as dificuldades do Município em ter
áreas, ainda mais localizadas numa zona nobre da Cidade, como é essa sugerida
para a construção do Memorial Prestes. Muito obrigado.
O SR. VICENTE
DUTRA: Como disse V. Exª, eu vou votar favoravelmente
e faço um apelo à Administração para que reconsidere a sua posição
político-administrativa de não conceder áreas a entidades tipo Rotary. Acho que
tem que dar, sim, até é inteligente: chama as entidades, chama o Lions e
pergunta se não gostariam de ter uma área para construir determinadas coisas,
colocando isso, então, no projeto. Há uma condição: terão que ser utilizadas
pela comunidade, de acordo com um cronograma que deverá ser aprovado pela
Administração. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais inscritos para discutir a Pauta.
Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Procede à verificação de “quorum”.) Há
“quorum”, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Havendo “quorum” passamos à
ORDEM
DO DIA
Submeto ao Plenário os
Requerimentos encaminhados à Mesa.
(Obs.: foram aprovados os
Requerimentos constantes na Ata.)
O SR.
PRESIDENTE: Passamos ao período de
EXPLICAÇÃO
PESSOAL
O primeiro orador
inscrito é o Ver. Antonio Hohlfeldt, que está com a palavra.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pretendia me
ocupar de algumas observações que fiz na área de transporte coletivo, nesta
recente viagem. Mas não posso deixar sem resposta o Ver. Isaac Ainhorn, que
infelizmente se encontra ausente, uma observação maldosa de S. Exª, quando fez
um aparte ao Ver. Vicente Dutra, fugindo do assunto, aliás, o que é tradicional
do Ver. Isaac Ainhorn. Ele tentou colocar em dúvida a seriedade e a probidade
da Administração Popular, sobretudo do Prefeito, dizendo que haveria desvios de
valores de fundos municipais. E citou, inclusive, eventualmente, o Fundo de
Desenvolvimento Urbano. Mais uma vez o Ver. Isaac perde por falar, se tivesse
ficado de boca calada ganharia a Casa. Em primeiro lugar porque S. Exª se
contradiz na sua colocação, aliás o Vice-Líder do PDT pode transmitir inclusive
esta minha observação ao Ver. Isaac Ainhorn sem problema nenhum...
O Sr. Vieira
da Cunha: Eu não sou fofoqueiro.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Eu não costumo falar por trás. É que alguns
Vereadores tem mania de falar e fugir do Plenário, a gente tem que mandar o
recado. Em primeiro lugar queria lembrar que o Vereador disse que há desvios,
cita um Fundo por acaso está nesta Casa para discussão, quer dizer, se há
eventualmente desvio nada melhor do que o Ver. Isaac Ainhorn para corrigi-los.
Ser houvesse má-fé, ou segunda intenções, evidentemente o Sr. Prefeito não iria
mandar o projeto para esta Casa, usaria o dinheiro e liquidaria o assunto.
Acho, em todo o caso, que seria bom o Ver. Isaac Ainhorn indagar o desvio da
Secretaria da Fazenda no tempo do hoje candidato Políbio Braga, aí talvez
possamos levantar questões mais interessantes. Então me parece que este tipo de
provocação, de má-fé, que realmente não ajuda o trabalho da Casa, é uma coisa
que realmente não cabe no desenvolvimento do trabalho, quando o Ver. Vicente Dutra
levantava questões absolutamente pertinentes, objetivas, que exatamente cabem à
discussão do Plenário da Casa, independente de estarmos de acordo ou não. A
função do Vereador é inquirir, é fiscalizar e acho que encontra oposição,
inclusive e sempre me coloquei nesta situação. Agora, não vou admitir realmente
este tipo de posicionamento de má-fé, mesquinho do Vereador e deixo aqui
inclusive um desafio ao Vereador; ele que prove, além do Fundo que ele próprio
anulou, o seu exemplo, que desvio de Fundo cometeu a Administração Popular até
o momento?
Mas queria me ocupar, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, de uma questão que a todos nós preocupa, que é
questão do transporte coletivo e sobretudo a atenção aos idosos e até um
desenvolvimento maior deste sistema. Em primeiro lugar queria fazer o registro
dessa iniciativa que me parece oportuna, não sei até que ponto vai ter uma
repercussão junto aos motoristas, principalmente os motoristas de ônibus da
cidade de Porto Alegre, de valorizar a entrada dos idosos pela porta da frente
e de ter um respeito pelos idosos no transporte coletivo. Chamou-me a atenção -
o Ver. Vicente Dutra veio recentemente da Europa, como eu - como o sistema de
transporte coletivo europeu funciona com muita tranqüilidade, por dois motivos:
em primeiro lugar porque a figura do idoso é uma instituição européia,
evidentemente até porque é um continente em que os idosos são em número muito
maior do que os jovens de um modo geral, mas, sobretudo, me parece que se
tomaram algumas providências que eu até gostaria de ouvir o Ver. Dib também
nesta questão. Foi uma das coisas que eu cheguei a levantar na Secretaria dos
Transportes, que é a eliminação, de uma certa maneira, do uso do dinheiro das
catracas dos ônibus. Eu entendo que gradualmente nós deveríamos partir para o
sistema de venda antecipada de bilhetes, como é o sistema europeu, através de
talonários os mais diferentes possíveis ou de fichas. Enfim, um sistema que
venha a ser decidido. Porque eu acho que se não deu muito certo numa primeira
experiência aquele trabalho que foi proposto, ao final da Administração
Villela, com a Sudeste, e eu me lembro aqui das discussões que nós tivemos, que
a mão do trabalhador, molhada, molhava o talão, e acabava não funcionando. Eu
acho que temos uma experiência do metrô de São Paulo, do metrô do Rio de
Janeiro, aqui mesmo em Porto Alegre com o Trensurb. E há sobretudo uma
possibilidade do barateamento e da dinamicidade do sistema. O que faz o sistema
europeu de transporte? O bilhete individual custa X, o bloquinho de bilhetes
custa X menos Y. Então o cidadão que compra por antecipação tem amplas
possibilidades de baratear o seu transporte coletivo. E por seu lado as
empresas que prestam serviço, no caso todas as estatais, mas ainda que fosse um
sistema privado como o nosso, aí a diferença não vem ao caso, evidentemente tem
uma previsão de receita, uma entrada de receita antecipadamente, como ocorre
hoje com o vale transporte, que tem dado certo.
Eu quero, portanto,
trazer a baila esse comentário, o Ver. Vicente Dutra também teve essa
experiência mais recente, e parece, inclusive, dinamiza, até mesmo pelo
movimento de entrada e saída de passageiros. Quer dizer, raramente se vê um
cidadão tendo que pagar na catraca, até porque não tem que pagar ao motorista.
Acho que a nossa
experiência com a ficha tem dado certo, seria o caso, portanto, da Prefeitura
de Porto Alegre começar a pensar e eu pessoalmente tinha essa posição, não
houve possibilidade de implantar. Mas acho que é uma coisa para ser amadurecida
nos próximos meses, agora que o transporte começa a entrar um pouco mais na
rotina, e fazer uma modernização no sistema de Porto Alegre, que me parece que
realmente ajudaria a população como um todo.
O Sr. Vicente
Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exª está abordando um assunto da maior importância, realmente nós
faríamos uma revolução no sistema de transporte de Porto Alegre com esse
sistema proposto por V. Exª. Muita gente diz: mas muitas pessoas não vão
registrar o seu talãozinho no marcador. Mas aí se coloca a fiscalização. Aí é o
poder de polícia do Estado que não funciona. Por outro lado, mesmo com a
catraca, quantas vezes o pessoal passa por baixo e por cima, criando atritos.
Então eliminaríamos este atrito, baratearíamos o sistema, a empresa poderia
oferecer aos seus funcionários a carteira, mensal, semanal, para os usuários,
enfim, facilitaria e teríamos controle do custo-benefício que representa o
sistema de transporte. Apóio na totalidade a proposta de V. Exª.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Quero lembrar que o sistema francês e suíço
funcionam com carteira mensal. No italiano, o sistema do talonário. No nosso
caso, as fichas seriam mais viáveis. Poderíamos, em um primeiro momento,
adaptar através da instituição de pontos de vendas que seriam encarregados
exatamente esses que hoje são cobradores e que passariam a ter essa função. É
um processo inclusive de educação da população e de dinamização. Melhoraríamos
o sistema, eliminado a disputa de troco, a permanente tensão nos horários de
pique. Quero deixar este registro no sentido de colaboração. Hoje, quase 50% já
é utilizado com fichas. Teria-se de criar a ficha de um tipo específico e,
evidentemente, como diz o Ver. Vicente Dutra, que não haja um abuso, um
controle como é a preocupação do sistema italiano, onde a evasão de receita é
bastante grande. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Ver. Vieira da Cunha,
desiste. Ver. Vicente Dutra, desiste. Ver. Clóvis Brum, ausente. Declaro
encerrada a Sessão.
(Levanta-se a Sessão às
10h37min.)
*
* * * *